O Forasteiro Literário - Literatura Brasileira e Estrangeira
Blog destinado à produção de textos de teoria literária, crítica literária, resenhas de livros e filmes, dentre outros assuntos correlacionados. Todos de autoria do escritor recifense Fábio Pacheco. Sejam todos bem-vindos.
terça-feira, 7 de março de 2017
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
Lançamento do Livro de Contos: O Amor, a Espada e a Honra.
Já está à venda o meu quinto livro de ficção chamado "O Amor, a Espada e a Honra", que foi publicado pela Editora Bookess. À princípio, está disponível apenas no formato digital (e-book). Fiquem à vontade para adquiri-lo no site da editora. O preço da obra é R$ 13,83.
Um fraterno abraço.
Fábio Pacheco.
Recife, 04/11/16.
Um fraterno abraço.
Fábio Pacheco.
Recife, 04/11/16.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Ao Cair da Noite – Stephen King
Stephen
King é
considerado por
uma boa parcela dos
especialistas
como um dos maiores escritores de suspense e terror de
todos os tempos. A
sua produção literária é imensa, já escreveu mais de quarenta
romances e cerca de duzentos contos. Ele
recebeu a medalha da National Book Foundation pela sua distinta
contribuição à literatura norte-americana. A sua
prosa
possui
uma linguagem informal, com poucos floreios, acompanhando a forma de
expressão da maioria das pessoas. E isso não diminui em nada a
qualidade do
seu trabalho literário.
King
consegue envolver o leitor com as suas histórias, que são repletas
de cenas e personagens marcantes, muitas
delas já foram adaptadas para o cinema e a televisão. O
leitor que é apaixonado pelos
gêneros
que ele desenvolve,
certamente,
tem na sua
memória
lembranças assustadoras e surpreendentes de histórias concebidas
por King. E,
nesse sentido, o gênio criativo desse
autor norte-americano
parece
não ter limites de espaço e tempo. Há
algum tempo, a Rede Globo apresentou a ótima
série
de televisão “Under the Dome - Prisão Invisível”, que foi
baseada em um robusto romance de King. A
referida
obra
foi adaptada e dirigida pelo célebre diretor Steven Spilberg, que é
o mesmo diretor dos
sucessos de público
“Indiana Jones” e “Jurassic Park”.
Acerca
da obra “Ao Cair da Noite”,
pode-se afirmar que é um bom livro, contudo, não chega a ser
excepcional. Ele
é composto
por catorze contos repletos de suspense e terror. O livro é
volumoso,
tem
quase 400 páginas, e precisa de um
bom fôlego
do leitor para ser lido. As
histórias são diversificadas, algumas tem mais qualidade, outras
nem tanto assim. Dentre
elas, podemos destacar “Willa,” que
é a
história de um grupo de pessoas que vivem em um ponto de parada de
trem e que não sabem que já estão mortos. O
conto “A Bicicleta Ergométrica” também é muito interessante.
Ele conta a história de um artista que pinta um painel
com uma estrada
que se torna real e que contém personagens reais e perigosos. E
outro conto memorável é o que King batizou de “O Gato dos
Infernos”. Nele um homem idoso e milionário convida um matador de
aluguel para acabar com a vida um gato muito estranho e perigoso. O
livro, como houvera destacado anteriormente, é interessante, mas
fica muito abaixo de ser uma obra-prima. Parece
que King o fez nas horas vagas, entre um romance e outro e, portanto,
não deu uma atenção mais aprofundada ao mesmo, deixando-o em
segundo plano. Percebe-se
o estilo do autor, observa-se claramente a marca de King, mas nada
mais do que isso. Não chega nem perto de obras como “Carrie, A
Estranha”, ou “Sonâmbulos”
ou mesmo da trama envolvente e genial de “A Espera de um Milagre”.
No
entanto, ainda
assim, aconselho a leitura do
livro para
quem é apreciador dos gêneros suspense e terror, a fim de que
possam tirar as suas próprias conclusões. Afinal,
Stephen King é Stephen King.
sábado, 2 de janeiro de 2016
Pablo Neruda e as Dores do Mundo.
Se existiu um poeta que conseguiu fazer uma radiografia
profunda da alma humana, esse poeta se chamou Ricardo Neftali R.
Basoalto, mais conhecido pelo pseudônimo de Pablo Neruda
(1904-1973). A sua poesia é múltipla, metafórica e enigmática.
Não se pode sintetizar a sua obra poética, pois ela possui muitas
faces. Em um determinado momento, ela é confessional e sentimental e
em outra ocasião ela é descritiva, quase jornalística. Dependia da
fase que enfrentava. Ele consegue nos abarcar com os seus versos,
abalando-nos os pilares mais recônditos da alma. A sua poética
vasculha as nossas lacunas pessoais, os nossos sonhos e as nossas
dores. Ele encontra os nossos segredos e os coloca no balcão dos
seus versos, expondo-os nas páginas dos seus livros. Em sua obra
poética, ele grita as nossas dores em um palco repleto de holofotes
e microfones. Segue abaixo alguns versos de sua autoria que
explicitam essa intenção:
Inicial
O dia não é hora por hora,
é dor por dor,
o tempo não se dobra,
não se gasta,
mar, diz o mar,
sem trégua,
terra, diz a terra,
o homem espera.
(--------------)
*Extraído do livro “Últimos Poemas”, publicado em 1973.
A
Estrela
Bom, eu já não voltei, já não padeço
de não voltar, a decisão da areia
e como parte da onda e da passagem,
a sílaba de sal, o piolho da água,
eu, soberano, escravo desta costa
submeti-me, me encadeei à minha rocha.
Não há vontade para nós que somos
fragmento do assombro,
não tem saída para este retorno
para si mesmo, à pedra de si mesmo,
já não existem mais estrelas que o mar.
*Extraído do livro “Jardim de Inverno”, publicado em 1971.
A poesia de Neruda é quase um hieroglifo quando ele usa o artifício
da metáfora. O poeta usa algumas palavras como se fossem mantras
poéticos. Mesmo que o tema não tenha qualquer relação com a
referida palavra metafórica, ela surge como um trovão nos versos.
Podemos tomar como exemplos as palavras mar, sinos e navios, elas
aparecem em muitos dos seus versos. Possivelmente, isso é explicado
pelo fato de que Neruda morava em uma ilha no litoral do Chile e
esses elementos eram muito presentes em sua vida. Contudo, essa pode
ser uma interpretação superficial, uma vez que elas desempenham
papéis simbólicos na sua poesia. Enfim, podemos considerar que o
poeta chileno enxergou um mundo que nenhum poeta houvera conseguido
antes dele e expressou-o com muita qualidade, talvez tenha sido esse
o motivo de ter recebido o Prêmio Nobel de Literatura em 1971. Pablo
Neruda honrou e glorificou a poesia latino-americana com a sua obra e
ela certamente subsistirá por vários séculos, dando um belo
testemunho dos valores socioculturais do povo ibero-americano.
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
Resenha Literária: Ponto de Impacto – Dan Brown.
A obra literária promove uma união de temas diversos em uma
só história, mistura o universo político norte-americano com a
existência de vida fora do planeta Terra. Com uma narrativa
cinematográfica e repleta de suspense, o autor cria um universo que
prende o leitor do início ao fim do livro. Dan Brown também é
autor dos best sellers Código da Vinci e Anjos e Demônios, ambos
transformados em filmes de sucesso. Ponto de Impacto possui uma
história muito bem elaborada. Na evolução dos capítulos, ele
faz um interessante revezamento de cenários e personagens. Em
síntese, são duas histórias que correm em paralelo ao longo da
obra, em uma delas apresenta a trama que envolve o candidato à
presidente dos Estados Unidos, o senador Sedgewick Sexton,
apresentando os seus conflitos e obstáculos para alcançar o cargo
mais importante do mundo contemporâneo. A outra história trata a
respeito do envolvimento da filha dele, a agente do serviço secreto
norte-americano Rachel Sexton, que é uma das testemunhas da
descoberta de um meteorito que pode conter vida extraterrestre no seu
interior.
Ambas se completam e fazem com que o leitor seja seduzido até o
final do livro. Contudo, o desfecho dessa obra literária, a meu ver,
não foi compatível com toda a construção da trama. O desfecho foi
muito previsível, clássico demais, com um medíocre final feliz,
deficiente de surpresas ou criatividade. Parece que foi construído
para ser transformado em um filme ao estilo hollywoodiano, com
mocinhos, bandidos, cenas de ação e um final feliz que certamente
não me agrada. Acredito que um final de uma obra literária precisa
ter um mínimo de criatividade e, dessa forma, surpreender o leitor.
Ele não precisa agradar o editor, nem os patrocinadores, nem
tampouco os amigos, ele precisa efetivamente agradar a maioria dos
consumidores finais, que são quem compram o livro. O escritor
precisa desenvolver a arte da escrita livremente, ou seja, liberto
das amarras das cobranças e dos interesses alheios à arte
literária. Enfim, acredito que é somente dessa forma que surge uma
autêntica obra-prima. No mais, o livro tem uma história envolvente
e é uma boa escolha para quem deseja a leitura de um autor
contemporâneo nas suas horas vagas do dia.
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
O Corriqueiro e Triste Ato de Falar e Escrever Errado.
Como
é belo o ato de se expressar corretamente. Dessa forma, valoriza-se
a ortografia e o vocabulário da língua portuguesa, expondo os “s”
das palavras, preocupando-se com a concordância e a regência das
frases e orações. Dizendo, dignamente, dois reais e não “doi
real.” A meu ver, desconstruir a língua é, efetivamente, matá-la.
Não existe isso de beleza singular e exótica da linguagem das ruas,
isto não passa de conversa fiada de alguns estudiosos da
antropologia e da linguística. O bonito mesmo é falar corretamente,
pois a língua portuguesa é uma das mais belas que existem no mundo
e, portanto, precisa ser preservada e bem exposta pelas pessoas.
Acredito que falar errado é se mostrar inferior perante os outros e
ser até mesmo motivo de zombaria em alguns espaços públicos, o que
pode estigmatizar o emissor da mensagem. As regras gramaticais
precisam ser respeitadas, como se fossem uma série de legislações
judiciais. Deveria receber uma multa quem comete um erro de português
gritante (ou bizarro) nas nossas ruas e também na internet. Aliás,
brincadeiras à parte, com essa ideia do governo brasileiro de querer
aumentar a taxação de tudo, só falta agora o mesmo querer taxar os
erros de português dos cidadãos brasileiros. Enfim, meus caros,
preservemos a língua portuguesa, pois ela é o nosso cartão de
visita para os povos de outras línguas e culturas e é também o
instrumento mais importante para a exposição do nosso mundo.
Em Defesa da Criação da Bolsa-Artista.
Alguns dos bens
mais preciosos para um artista são o sossego e a segurança
financeira. Ambos são essenciais para que o mesmo aumente a sua
produtividade no sentido qualitativo e quantitativo. Na Idade Média e
Moderna, existia a figura do mecenas, que era um indivíduo abastardo
que apoiava o artista nas suas necessidades materiais. O mecenas
recebia em troca o prestígio de apoiar as artes, sinalizando aos
seus pares que ele tinha um espírito refinado. Convém ressaltar que
o artista muitas vezes morava na propriedade do seu financiador e era
protegido por ele. Normalmente, o mecenas era integrante de um dos
três grupos mais poderosos da época: a aristocracia, os grandes
proprietários de terras e os grandes comerciantes. A boa convivência
entre o mecenas e o artista ocorria ao longo de várias décadas, até
que se encerrava com a morte de um deles, o que acontecia por causas
naturais ou não. O interessante a considerar é que existia uma
relação de compromisso e respeito entre as partes.
Atualmente, o cenário é outro bastante distinto, principalmente
nos países em desenvolvimento, ou seja, nos países que foram
outrora colônias da Europa. A maioria dos artistas estão
efetivamente desamparados, vivem à própria sorte e, portanto, não
recebem subsídios privados ou públicos para que possam desenvolver
o seu trabalho com tranquilidade, o que, por conseguinte, prejudica
diretamente a sua produtividade. Logo, na maior parte das vezes,
precisam se desdobrar em duas ou três atividades, a fim de que
possam ter a sua subsistência. Por outro lado, os subsídios
oferecidos pelo Estado são promovidos por meio de editais e são
bastantes escassos, o que deixa de lado a maior parte dos artistas.
Além disso, o financiamento privado dos artistas quase não existe
no Brasil e na América Latina. Dessa forma, o artista é, além de
um agente da criatividade, um herói pelo fato de enfrentar
cotidianamente um cenário de hostilidade e indiferença. Portanto, é
preciso que as iniciativas pública e privada enxerguem o artista
como um investimento, tal qual o antigo mecenas enxergava. Ele pode
ser um diferencial na divulgação e no fortalecimento de uma marca
empresarial ou de uma gestão pública.
Nesse sentido, é necessário que a classe artística brasileira
requeira este direito no Congresso Nacional, por meio de um projeto
de lei, que é o direito ao financiamento do agente artístico.
Unindo-se em todas as suas vertentes (literatura, artes plásticas,
dramaturgia, artesanato, arte popular, música e etc) a fim de que
seja despertada a política de inclusão dos artistas em bolsas,
assim como acontece, por exemplo, com os atletas brasileiros de todas
as categorias, que atualmente recebem subsídios financeiros por meio
do Bolsa-Atleta, pois, do mesmo modo que os atletas engradecem uma
nação, o artista também divulga a cultura de um país,
projetando-o no sentido global. Então, é preciso que sejam criados
dispositivos para esse fim, tais como um processo seletivo justo e
imparcial, exigências no que diz respeito à prestação de contas
anual da produtividade do artista, diferenciação do valor do
pagamento de acordo com o número de obras concebidas e da
experiência artística, estipulação de um piso e de um teto do
valor da bolsa e etc. Enfim, o cenário artístico brasileiro pode
mudar, evoluir, perdendo, portanto, o seu atual estado de orfandade e
amadorismo. E, por conseguinte, com a mudança do tratamento
oferecido aos artistas, aprimora-se também o tratamento dado à
cultura brasileira.
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