quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Lançamento do Livro de Contos: O Amor, a Espada e a Honra.



Já está à venda o meu quinto livro de ficção chamado "O Amor, a Espada e a Honra", que foi publicado pela Editora Bookess. À princípio, está disponível apenas no formato digital (e-book). Fiquem à vontade para adquiri-lo no site da editora. O preço da obra é R$ 13,83.

Um fraterno abraço.
Fábio Pacheco.
Recife, 04/11/16.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Ao Cair da Noite – Stephen King


Stephen King é considerado por uma boa parcela dos especialistas como um dos maiores escritores de suspense e terror de todos os tempos. A sua produção literária é imensa, já escreveu mais de quarenta romances e cerca de duzentos contos. Ele recebeu a medalha da National Book Foundation pela sua distinta contribuição à literatura norte-americana. A sua prosa possui uma linguagem informal, com poucos floreios, acompanhando a forma de expressão da maioria das pessoas. E isso não diminui em nada a qualidade do seu trabalho literário. King consegue envolver o leitor com as suas histórias, que são repletas de cenas e personagens marcantes, muitas delas já foram adaptadas para o cinema e a televisão. O leitor que é apaixonado pelos gêneros que ele desenvolve, certamente, tem na sua memória lembranças assustadoras e surpreendentes de histórias concebidas por King. E, nesse sentido, o gênio criativo desse autor norte-americano parece não ter limites de espaço e tempo. Há algum tempo, a Rede Globo apresentou a ótima série de televisão “Under the Dome - Prisão Invisível”, que foi baseada em um robusto romance de King. A referida obra foi adaptada e dirigida pelo célebre diretor Steven Spilberg, que é o mesmo diretor dos sucessos de público “Indiana Jones” e “Jurassic Park”.

Acerca da obra “Ao Cair da Noite, pode-se afirmar que é um bom livro, contudo, não chega a ser excepcional. Ele é composto por catorze contos repletos de suspense e terror. O livro é volumoso, tem quase 400 páginas, e precisa de um bom fôlego do leitor para ser lido. As histórias são diversificadas, algumas tem mais qualidade, outras nem tanto assim. Dentre elas, podemos destacar “Willa,” que é a história de um grupo de pessoas que vivem em um ponto de parada de trem e que não sabem que já estão mortos. O conto “A Bicicleta Ergométrica” também é muito interessante. Ele conta a história de um artista que pinta um painel com uma estrada que se torna real e que contém personagens reais e perigosos. E outro conto memorável é o que King batizou de “O Gato dos Infernos”. Nele um homem idoso e milionário convida um matador de aluguel para acabar com a vida um gato muito estranho e perigoso. O livro, como houvera destacado anteriormente, é interessante, mas fica muito abaixo de ser uma obra-prima. Parece que King o fez nas horas vagas, entre um romance e outro e, portanto, não deu uma atenção mais aprofundada ao mesmo, deixando-o em segundo plano. Percebe-se o estilo do autor, observa-se claramente a marca de King, mas nada mais do que isso. Não chega nem perto de obras como “Carrie, A Estranha”, ou “Sonâmbulos” ou mesmo da trama envolvente e genial de “A Espera de um Milagre”. No entanto, ainda assim, aconselho a leitura do livro para quem é apreciador dos gêneros suspense e terror, a fim de que possam tirar as suas próprias conclusões. Afinal, Stephen King é Stephen King.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Pablo Neruda e as Dores do Mundo.


Se existiu um poeta que conseguiu fazer uma radiografia profunda da alma humana, esse poeta se chamou Ricardo Neftali R. Basoalto, mais conhecido pelo pseudônimo de Pablo Neruda (1904-1973). A sua poesia é múltipla, metafórica e enigmática. Não se pode sintetizar a sua obra poética, pois ela possui muitas faces. Em um determinado momento, ela é confessional e sentimental e em outra ocasião ela é descritiva, quase jornalística. Dependia da fase que enfrentava. Ele consegue nos abarcar com os seus versos, abalando-nos os pilares mais recônditos da alma. A sua poética vasculha as nossas lacunas pessoais, os nossos sonhos e as nossas dores. Ele encontra os nossos segredos e os coloca no balcão dos seus versos, expondo-os nas páginas dos seus livros. Em sua obra poética, ele grita as nossas dores em um palco repleto de holofotes e microfones. Segue abaixo alguns versos de sua autoria que explicitam essa intenção:

Inicial

O dia não é hora por hora,
é dor por dor,
o tempo não se dobra,
não se gasta,
mar, diz o mar,
sem trégua,
terra, diz a terra,
o homem espera.
(--------------)

*Extraído do livro “Últimos Poemas”, publicado em 1973.

A Estrela

Bom, eu já não voltei, já não padeço
de não voltar, a decisão da areia
e como parte da onda e da passagem,
a sílaba de sal, o piolho da água,
eu, soberano, escravo desta costa
submeti-me, me encadeei à minha rocha.


Não há vontade para nós que somos
fragmento do assombro,
não tem saída para este retorno
para si mesmo, à pedra de si mesmo,
já não existem mais estrelas que o mar.

*Extraído do livro “Jardim de Inverno”, publicado em 1971.


A poesia de Neruda é quase um hieroglifo quando ele usa o artifício da metáfora. O poeta usa algumas palavras como se fossem mantras poéticos. Mesmo que o tema não tenha qualquer relação com a referida palavra metafórica, ela surge como um trovão nos versos. Podemos tomar como exemplos as palavras mar, sinos e navios, elas aparecem em muitos dos seus versos. Possivelmente, isso é explicado pelo fato de que Neruda morava em uma ilha no litoral do Chile e esses elementos eram muito presentes em sua vida. Contudo, essa pode ser uma interpretação superficial, uma vez que elas desempenham papéis simbólicos na sua poesia. Enfim, podemos considerar que o poeta chileno enxergou um mundo que nenhum poeta houvera conseguido antes dele e expressou-o com muita qualidade, talvez tenha sido esse o motivo de ter recebido o Prêmio Nobel de Literatura em 1971. Pablo Neruda honrou e glorificou a poesia latino-americana com a sua obra e ela certamente subsistirá por vários séculos, dando um belo testemunho dos valores socioculturais do povo ibero-americano.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Resenha Literária: Ponto de Impacto – Dan Brown.


A obra literária promove uma união de temas diversos em uma só história, mistura o universo político norte-americano com a existência de vida fora do planeta Terra. Com uma narrativa cinematográfica e repleta de suspense, o autor cria um universo que prende o leitor do início ao fim do livro. Dan Brown também é autor dos best sellers Código da Vinci e Anjos e Demônios, ambos transformados em filmes de sucesso. Ponto de Impacto possui uma história muito bem elaborada. Na evolução dos capítulos, ele faz um interessante revezamento de cenários e personagens. Em síntese, são duas histórias que correm em paralelo ao longo da obra, em uma delas apresenta a trama que envolve o candidato à presidente dos Estados Unidos, o senador Sedgewick Sexton, apresentando os seus conflitos e obstáculos para alcançar o cargo mais importante do mundo contemporâneo. A outra história trata a respeito do envolvimento da filha dele, a agente do serviço secreto norte-americano Rachel Sexton, que é uma das testemunhas da descoberta de um meteorito que pode conter vida extraterrestre no seu interior.
Ambas se completam e fazem com que o leitor seja seduzido até o final do livro. Contudo, o desfecho dessa obra literária, a meu ver, não foi compatível com toda a construção da trama. O desfecho foi muito previsível, clássico demais, com um medíocre final feliz, deficiente de surpresas ou criatividade. Parece que foi construído para ser transformado em um filme ao estilo hollywoodiano, com mocinhos, bandidos, cenas de ação e um final feliz que certamente não me agrada. Acredito que um final de uma obra literária precisa ter um mínimo de criatividade e, dessa forma, surpreender o leitor. Ele não precisa agradar o editor, nem os patrocinadores, nem tampouco os amigos, ele precisa efetivamente agradar a maioria dos consumidores finais, que são quem compram o livro. O escritor precisa desenvolver a arte da escrita livremente, ou seja, liberto das amarras das cobranças e dos interesses alheios à arte literária. Enfim, acredito que é somente dessa forma que surge uma autêntica obra-prima. No mais, o livro tem uma história envolvente e é uma boa escolha para quem deseja a leitura de um autor contemporâneo nas suas horas vagas do dia.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

O Corriqueiro e Triste Ato de Falar e Escrever Errado.


Como é belo o ato de se expressar corretamente. Dessa forma, valoriza-se a ortografia e o vocabulário da língua portuguesa, expondo os “s” das palavras, preocupando-se com a concordância e a regência das frases e orações. Dizendo, dignamente, dois reais e não “doi real.” A meu ver, desconstruir a língua é, efetivamente, matá-la. Não existe isso de beleza singular e exótica da linguagem das ruas, isto não passa de conversa fiada de alguns estudiosos da antropologia e da linguística. O bonito mesmo é falar corretamente, pois a língua portuguesa é uma das mais belas que existem no mundo e, portanto, precisa ser preservada e bem exposta pelas pessoas.
Acredito que falar errado é se mostrar inferior perante os outros e ser até mesmo motivo de zombaria em alguns espaços públicos, o que pode estigmatizar o emissor da mensagem. As regras gramaticais precisam ser respeitadas, como se fossem uma série de legislações judiciais. Deveria receber uma multa quem comete um erro de português gritante (ou bizarro) nas nossas ruas e também na internet. Aliás, brincadeiras à parte, com essa ideia do governo brasileiro de querer aumentar a taxação de tudo, só falta agora o mesmo querer taxar os erros de português dos cidadãos brasileiros. Enfim, meus caros, preservemos a língua portuguesa, pois ela é o nosso cartão de visita para os povos de outras línguas e culturas e é também o instrumento mais importante para a exposição do nosso mundo. 
    

Em Defesa da Criação da Bolsa-Artista.


Alguns dos bens mais preciosos para um artista são o sossego e a segurança financeira. Ambos são essenciais para que o mesmo aumente a sua produtividade no sentido qualitativo e quantitativo. Na Idade Média e Moderna, existia a figura do mecenas, que era um indivíduo abastardo que apoiava o artista nas suas necessidades materiais. O mecenas recebia em troca o prestígio de apoiar as artes, sinalizando aos seus pares que ele tinha um espírito refinado. Convém ressaltar que o artista muitas vezes morava na propriedade do seu financiador e era protegido por ele. Normalmente, o mecenas era integrante de um dos três grupos mais poderosos da época: a aristocracia, os grandes proprietários de terras e os grandes comerciantes. A boa convivência entre o mecenas e o artista ocorria ao longo de várias décadas, até que se encerrava com a morte de um deles, o que acontecia por causas naturais ou não. O interessante a considerar é que existia uma relação de compromisso e respeito entre as partes.
Atualmente, o cenário é outro bastante distinto, principalmente nos países em desenvolvimento, ou seja, nos países que foram outrora colônias da Europa. A maioria dos artistas estão efetivamente desamparados, vivem à própria sorte e, portanto, não recebem subsídios privados ou públicos para que possam desenvolver o seu trabalho com tranquilidade, o que, por conseguinte, prejudica diretamente a sua produtividade. Logo, na maior parte das vezes, precisam se desdobrar em duas ou três atividades, a fim de que possam ter a sua subsistência. Por outro lado, os subsídios oferecidos pelo Estado são promovidos por meio de editais e são bastantes escassos, o que deixa de lado a maior parte dos artistas. Além disso, o financiamento privado dos artistas quase não existe no Brasil e na América Latina. Dessa forma, o artista é, além de um agente da criatividade, um herói pelo fato de enfrentar cotidianamente um cenário de hostilidade e indiferença. Portanto, é preciso que as iniciativas pública e privada enxerguem o artista como um investimento, tal qual o antigo mecenas enxergava. Ele pode ser um diferencial na divulgação e no fortalecimento de uma marca empresarial ou de uma gestão pública.

Nesse sentido, é necessário que a classe artística brasileira requeira este direito no Congresso Nacional, por meio de um projeto de lei, que é o direito ao financiamento do agente artístico. Unindo-se em todas as suas vertentes (literatura, artes plásticas, dramaturgia, artesanato, arte popular, música e etc) a fim de que seja despertada a política de inclusão dos artistas em bolsas, assim como acontece, por exemplo, com os atletas brasileiros de todas as categorias, que atualmente recebem subsídios financeiros por meio do Bolsa-Atleta, pois, do mesmo modo que os atletas engradecem uma nação, o artista também divulga a cultura de um país, projetando-o no sentido global. Então, é preciso que sejam criados dispositivos para esse fim, tais como um processo seletivo justo e imparcial, exigências no que diz respeito à prestação de contas anual da produtividade do artista, diferenciação do valor do pagamento de acordo com o número de obras concebidas e da experiência artística, estipulação de um piso e de um teto do valor da bolsa e etc. Enfim, o cenário artístico brasileiro pode mudar, evoluir, perdendo, portanto, o seu atual estado de orfandade e amadorismo. E, por conseguinte, com a mudança do tratamento oferecido aos artistas, aprimora-se também o tratamento dado à cultura brasileira.