1. Um Pouco da História do Manuscrito
Eis aí um tema importante e ainda pouco abordado no estudo do universo da Literatura. O manuscrito surgiu entrelaçado diretamente com a própria escrita. À princípio, esta servia apenas para enfatizar as questões ligadas à religião, às leis, aos impostos dentre outras necessidades práticas da sociedade. Com o passar dos séculos, o ser humano percebeu que as histórias até então narradas de forma oral e transmitidas de pessoa para pessoa ou de pessoa para um grupo pequeno ouvintes (receptores de uma tribo, de uma vila, ou de qualquer tipo de conglomerado de baixa densidade demográfica) poderiam muito bem serem transformados em material escrito em papel, pedra, couro, madeira, e etc. Foi a partir desse momento que de fato surgiu a literatura, evidentemente ainda rústica e superficial.
Na Idade Antiga ocorreu o primeiro refinamento literário com os intelectuais gregos e romanos. O grego Homero produziu as obras mais importantes do seu tempo: a Ilíada e a Odisseia, as quais permitiram aos historiadores o estudo do período anterior ao séc. VIII a.C., isso feito por meio dos versos poéticos das duas obras. E na literatura romana podemos destacar relevantes manuscritos como, por exemplo, a Eneida do poeta Virgílio.
Na Idade Média, surge o ofício dos copiadores, os quais são personagens importantíssimos na preservação da cultura ocidental. Neste período histórico, a instituição encarregada de preservar toda a produção artística era a Igreja Católica. De tal forma que existiam monastérios dedicados unicamente a guardar a riqueza cultural das civilizações grega e romana. Os monges copistas viviam grande parte da sua vida dentro das bibliotecas eclesiásticas, copiando as obras consagradas a fim de que o acervo da Igreja aumentasse e, por conseguinte, mais pessoas pudessem conhecer tais obras literárias.
Com o advento da Idade Moderna, ocorre uma progressiva democratização da cultura. Surgem as primeiras universidades, as primeiras bibliotecas públicas financiadas pela Igreja e pela aristocracia europeia. E é justamente nesse momento que surge a tipografia a qual acentua ainda mais a expansão do conhecimento humano. Também foi nesse interim que o manuscrito deixa de ser algo preponderante e torna-se apenas a primeira fase na elaboração de uma obra.
E finalmente a Idade Contemporânea profissionaliza o escritor, idolatra-o, e enriquece alguns. Surgem as grandes editoras, as grandes tiragens, as grandes distribuições por diversos países e consequentemente sepultam definitivamente o valor cultural do manuscrito. A influência dessa má conduta é tão grande que o próprio escritor começa a considerar o manuscrito algo marginal, secundário, até mesmo desonroso perante os olhos dos seus leitores e dos estudiosos.
2. Conceito e Opinião:
O manuscrito é a fase onde ocorre a concepção da obra literária, normalmente escrita à mão pelo próprio escritor (apesar de alguns terem se servido de assistentes no passado e até mesmo no presente). Feito à lápis, à caneta esferográfica, à nanquim, até mesmo à hidrocor, dependendo tão somente das preferencias do escritor. É nela que transparece o gênio ou a mediocridade do narrador. Normalmente são utilizados cadernos universitários ou folhas de papel paltado para esse trabalho. É de fato a fase menos dispendiosa financeiramente, contudo também é a fase mais cansativa das três que abaixo destacarei, devido a depender exclusivamente do potencial criativo do autor. Eis abaixo as três fases básicas na elaboração de uma obra literária:
1- Produção do Manuscrito;
2- Processo de Digitação do Texto;
3- Processo de Revisão de Texto.
Julgo que o manuscrito tem uma importância singular, pois é nele que se encontram o contexto social e a personalidade do escritor. Os estudiosos da literatura poderiam à partir dos manuscritos produzirem incontáveis obras ensaísticas nesse campo. Portanto, fica aqui a minha breve explanação sobre esse tão contundente assunto.
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