terça-feira, 16 de junho de 2015

A Poesia Metafórica de Joaquim Cardozo.


A metáfora é uma das palavras-chave na produção poética do poeta-engenheiro Joaquim Cardozo (1897 – 1978). Os seus versos parecem querer beber na fonte de uma das escolas da poesia brasileira do final do século XIX, o simbolismo, cuja origem é francesa. Nesse sentido, variam os temas, que são comuns em cada contexto histórico, mas não varia o figurativismo. O poeta recifense funde elementos palpáveis com os impalpáveis, de uma forma harmônica e potente.

O ente subjetivo torna-se criatura e a composição dos versos ganha uma beleza inovadora e vanguardista para a época, o que poderia ser naturalmente incluído nos valores pregados pelo Movimento Modernista de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, principais organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922. Na verdade, em 22 Cardozo já possuía 25 anos e poderia ter muito bem participado desse movimento, tal como participou o seu conterrâneo e amigo o poeta Manuel Bandeira. Não se sabe ao certo o motivo dessa ausência na Semana de Arte Moderna, mas tudo indica que foi por motivos geográficos, uma vez que Cardozo residia na época na capital pernambucana e trabalhava como professor universitário da antiga Escola de Engenharia do Recife.

A potencialização do sentido figurado das palavras na obra de Cardozo é algo que não se dissolve com o passar dos anos e do consequente amadurecimento poético. Ele de fato persiste no figurativismo, possivelmente empenhado na procura da perfeição metafórica das palavras. Os versos de Cardozo gritam, choram, lembram, ouvem e sonham. Às vezes eles são enigmáticos, atonais e complexos e outras vezes são melódicos, simples e confessionais. O poeta parecia não fazer esforço para que os versos saíssem figurados, a metáfora surgia naturalmente, nascida do âmago do seu ser. Pode-se considerar que a sua poesia expunha o retrato de um artista que era rico em cultura e vivências. E, assim, a metáfora embebida em vanguardismo faz o leitor da obra poética de Cardozo ser uma cobaia que experimenta a cada verso, e a cada palavra, novas sensações e experiências.

Nenhum comentário:

Postar um comentário