A
metáfora é uma das palavras-chave na produção poética do
poeta-engenheiro Joaquim Cardozo (1897 – 1978). Os seus versos
parecem querer beber na fonte de uma das escolas da poesia brasileira
do final do século XIX, o simbolismo, cuja origem é francesa. Nesse
sentido, variam os temas, que são comuns em cada contexto histórico,
mas não varia o figurativismo. O poeta recifense funde elementos
palpáveis com os impalpáveis, de uma forma harmônica e potente.
O
ente subjetivo torna-se criatura e a composição dos versos ganha
uma beleza inovadora e vanguardista para a época, o que poderia ser
naturalmente incluído nos valores pregados pelo Movimento Modernista
de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, principais organizadores da
Semana de Arte Moderna de 1922. Na verdade, em 22 Cardozo já possuía
25 anos e poderia ter muito bem participado desse movimento, tal como
participou o seu conterrâneo e amigo o poeta Manuel Bandeira. Não
se sabe ao certo o motivo dessa ausência na Semana de Arte Moderna,
mas tudo indica que foi por motivos geográficos, uma vez que Cardozo
residia na época na capital pernambucana e trabalhava como professor
universitário da antiga Escola de Engenharia do Recife.
A
potencialização do sentido figurado das palavras na obra de Cardozo
é algo que não se dissolve com o passar dos anos e do consequente
amadurecimento poético. Ele de fato persiste no figurativismo,
possivelmente empenhado na procura da perfeição metafórica das
palavras. Os versos de Cardozo gritam, choram, lembram, ouvem e
sonham. Às vezes eles são enigmáticos, atonais e complexos e
outras vezes são melódicos, simples e confessionais. O poeta
parecia não fazer esforço para que os versos saíssem figurados, a
metáfora surgia naturalmente, nascida do âmago do seu ser. Pode-se
considerar que a sua poesia expunha o retrato de um artista que era
rico em cultura e vivências. E, assim, a metáfora embebida em
vanguardismo faz o leitor da obra poética de Cardozo ser uma cobaia
que experimenta a cada verso, e a cada palavra, novas sensações e
experiências.
Nenhum comentário:
Postar um comentário