quinta-feira, 10 de setembro de 2015

O Corriqueiro e Triste Ato de Falar e Escrever Errado.


Como é belo o ato de se expressar corretamente. Dessa forma, valoriza-se a ortografia e o vocabulário da língua portuguesa, expondo os “s” das palavras, preocupando-se com a concordância e a regência das frases e orações. Dizendo, dignamente, dois reais e não “doi real.” A meu ver, desconstruir a língua é, efetivamente, matá-la. Não existe isso de beleza singular e exótica da linguagem das ruas, isto não passa de conversa fiada de alguns estudiosos da antropologia e da linguística. O bonito mesmo é falar corretamente, pois a língua portuguesa é uma das mais belas que existem no mundo e, portanto, precisa ser preservada e bem exposta pelas pessoas.
Acredito que falar errado é se mostrar inferior perante os outros e ser até mesmo motivo de zombaria em alguns espaços públicos, o que pode estigmatizar o emissor da mensagem. As regras gramaticais precisam ser respeitadas, como se fossem uma série de legislações judiciais. Deveria receber uma multa quem comete um erro de português gritante (ou bizarro) nas nossas ruas e também na internet. Aliás, brincadeiras à parte, com essa ideia do governo brasileiro de querer aumentar a taxação de tudo, só falta agora o mesmo querer taxar os erros de português dos cidadãos brasileiros. Enfim, meus caros, preservemos a língua portuguesa, pois ela é o nosso cartão de visita para os povos de outras línguas e culturas e é também o instrumento mais importante para a exposição do nosso mundo. 
    

Em Defesa da Criação da Bolsa-Artista.


Alguns dos bens mais preciosos para um artista são o sossego e a segurança financeira. Ambos são essenciais para que o mesmo aumente a sua produtividade no sentido qualitativo e quantitativo. Na Idade Média e Moderna, existia a figura do mecenas, que era um indivíduo abastardo que apoiava o artista nas suas necessidades materiais. O mecenas recebia em troca o prestígio de apoiar as artes, sinalizando aos seus pares que ele tinha um espírito refinado. Convém ressaltar que o artista muitas vezes morava na propriedade do seu financiador e era protegido por ele. Normalmente, o mecenas era integrante de um dos três grupos mais poderosos da época: a aristocracia, os grandes proprietários de terras e os grandes comerciantes. A boa convivência entre o mecenas e o artista ocorria ao longo de várias décadas, até que se encerrava com a morte de um deles, o que acontecia por causas naturais ou não. O interessante a considerar é que existia uma relação de compromisso e respeito entre as partes.
Atualmente, o cenário é outro bastante distinto, principalmente nos países em desenvolvimento, ou seja, nos países que foram outrora colônias da Europa. A maioria dos artistas estão efetivamente desamparados, vivem à própria sorte e, portanto, não recebem subsídios privados ou públicos para que possam desenvolver o seu trabalho com tranquilidade, o que, por conseguinte, prejudica diretamente a sua produtividade. Logo, na maior parte das vezes, precisam se desdobrar em duas ou três atividades, a fim de que possam ter a sua subsistência. Por outro lado, os subsídios oferecidos pelo Estado são promovidos por meio de editais e são bastantes escassos, o que deixa de lado a maior parte dos artistas. Além disso, o financiamento privado dos artistas quase não existe no Brasil e na América Latina. Dessa forma, o artista é, além de um agente da criatividade, um herói pelo fato de enfrentar cotidianamente um cenário de hostilidade e indiferença. Portanto, é preciso que as iniciativas pública e privada enxerguem o artista como um investimento, tal qual o antigo mecenas enxergava. Ele pode ser um diferencial na divulgação e no fortalecimento de uma marca empresarial ou de uma gestão pública.

Nesse sentido, é necessário que a classe artística brasileira requeira este direito no Congresso Nacional, por meio de um projeto de lei, que é o direito ao financiamento do agente artístico. Unindo-se em todas as suas vertentes (literatura, artes plásticas, dramaturgia, artesanato, arte popular, música e etc) a fim de que seja despertada a política de inclusão dos artistas em bolsas, assim como acontece, por exemplo, com os atletas brasileiros de todas as categorias, que atualmente recebem subsídios financeiros por meio do Bolsa-Atleta, pois, do mesmo modo que os atletas engradecem uma nação, o artista também divulga a cultura de um país, projetando-o no sentido global. Então, é preciso que sejam criados dispositivos para esse fim, tais como um processo seletivo justo e imparcial, exigências no que diz respeito à prestação de contas anual da produtividade do artista, diferenciação do valor do pagamento de acordo com o número de obras concebidas e da experiência artística, estipulação de um piso e de um teto do valor da bolsa e etc. Enfim, o cenário artístico brasileiro pode mudar, evoluir, perdendo, portanto, o seu atual estado de orfandade e amadorismo. E, por conseguinte, com a mudança do tratamento oferecido aos artistas, aprimora-se também o tratamento dado à cultura brasileira.